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David Uip: Retomada das atividades depende do comportamento do coronavírus

Por Jovem Pan 23/04/2020 08h58

O infectologista David Uip, que também é o coordenador do Centro de Contingência do coronavírus do Estado de São Paulo, relatou a preocupante situação dos hospitais estaduais no enfrentamento à pandemia e a relação com a retomada das atividades econômicas, que deve acontecer a partir do dia 11 de maio.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, Uip citou que o plano de flexibilização da quarentena apresentado na última quarta-feira (23) pela equipe de João Doria vai ser perseguido e cumprido, mas lembrou que o que baliza as decisões estaduais é a curva epidemiológica da doença.

“Nós, como Centro de Contingência, fazemos estudos de estatísticas e epidemiologia para subsidiar o governo nas suas decisões. Da mesma forma acontece com o comitê econômico. Daqui até o dia 11 de maio temos quase duas semanas e a reabertura vai depender do comportamento do vírus e da capacidade do SUS.”

Uip ressaltou que são muitos os fatores comandados pelo vírus, que apesar de estar registrando aumento nos casos todos os dias ainda não superlotou os hospitais — apesar da alta porcentagem de ocupação no Emílio Ribas e no Hospital das Clínicas.

Ele atribui a isso à quarentena, que ao abaixar a curva conseguiu evitar um pico mais agudo. O que também justifica porque a chega do coronavírus ao interior foi retardada.

“Ao mesmo tempo que a entrada do vírus no interior foi mais lenta, ontem nós tivemos 219 municípios com coronavírus diagnosticado e pelo menos 100 haviam registrado óbitos. Precisamos ter cautela porque o avanço está lentificado pelas decisões tomadas na região metropolitana.”

Estrutura do Estado

Ele lembrou que 80% das cidades que compõem o Estado tem menos de 30 mil habitantes — e isso pode significar menos estrutura para lidar com a covid-19. “O fato desses lugares não terem hospital de porte causa preocupação. O Estado de São Paulo tem uma estrutura hospitalar robusta, mas que está pressionada.”

“A estrutura do Estado é mais sólida, mas isso não significa que vai dar conta. O SUS é muito competente, mas é mal remunerado e tem pouco investimento”, explicou. De acordo com o infectologista, ter zerado a fila de testes, que chegou a ter até 17 mil parados, é um ótimo avanço.

“A rede de São Paulo está bem montada: temos o Adolfo Lutz, o Instituto Butantan, grandes universidades e laboratórios privados realizando os exames. Ter esses resultados em tempo real é fundamental, principalmente para gerenciar UTIs e conhecer como que está a disseminação do vírus no Estado.”

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